Obra não parou, mas asfaltamento na estrada de São Martinho da Serra ficou para 2022

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Marcelo Oliveira (diário)/

Mais uma vez, os moradores da região de São Martinho da Serra irão terminar o ano sem a tão sonhada pavimentação da ERS-516, que liga o município com Santa Maria. A obra, que teve início em outubro, é prometida aos moradores desde 1998. A rodovia estadual é de chão batido e pedra com uma extensão de 17 quilômetros. No momento, as obras têm se concentrado no trecho que fica a 2 quilômetros de Santa Maria, seguindo até o km 5. O asfaltamento desse trecho de três quilômetros, que estava programado para ser concluído este ano, só será entregue em 2022. Tanto o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) quanto a construtora Continental, que realiza a obra, calculam que a camada de asfalto será iniciada em março do ano que vem.

Segundo Hélio Militz, diretor da empreiteira responsável pela obra, o não asfaltamento do trecho neste ano é para que haja um trecho maior do que três quilômetros para ser asfaltado a partir de março de 2022:

- Não sei se vai ser cinco (quilômetros). Mas a gente está preparando um trecho maior para quando entrar com o asfalto, já entrar com o trecho maior. A obra está com cronograma normal, em recurso e execução - afirma.

Militz considera que "vai faltar recurso", mas o Daer já sinalizou que tem o que precisar para a obra. O que deve faltar é a substituição do chamado tratamento superficial duplo por asfalto propriamente, por decisão do Daer.

FEPAM

Segundo o Daer, as obras de pavimentação da ERS-516 tiveram ajustes no cronograma devido à necessidade de resolução de questões ambientais junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Com as demandas atendidas, foi dada ordem de início no mês de setembro e, após a mobilização da construtora, os serviços foram iniciados efetivamente em outubro de 2021. A obra conta com R$ 13,5 milhões de Programa Avançar e está programada para o final do ano que vem. O Daer afirma que as decisões que envolvem a execução dos serviços atendem a critérios estritamente técnicos.

AÇÕES

De acordo com o engenheiro civil Tiago Ferreira de Almeida, da Continental, já foram realizados os procedimentos iniciais - da terraplanagem até a drenagem, utilizando túneis e valas para escoação da água. 

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No local, é possível notar a presença de muitas máquinas e os cerca de 40 colaboradores que trabalham na obra apresentam fluxo continuo de serviço. Além disso, os servidores têm que manter a sinalização do local, devido ao trânsito ativo na estrada. 

PROBLEMAS
De acordo com os moradores, o trânsito na ERS-516 sempre foi caracterizado pela forte movimentação de veículos. No entanto, em meio ao maquinário no local, a atenção dos motoristas é redobrada. O aposentado Vilmor Pedroso da Rosa, 65 anos, e a esposa Carolina Coelho da Rosa, 59, moram desde sempre na região e relatam o medo que sentem diante da alta velocidade com que os motoristas passam.

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- Nessa região, muitos motociclistas transitam e até os carros passam rápido aqui. Como moramos na beira da estrada é muito comum as pedras correrem até as casas por conta da velocidade com que cruzam. Às vezes nos assustamos muito - comentou Vilmor.

Além disso, é muito comum ver as casas da região com as janelas e as portas fechadas, isso porque com o fluxo de veículos na estrada causa um transtorno levando terra e poeira para dentro das moradias. Carolina enfatiza que, por conta da estrada, ainda de terra, raramente deixa a casa aberta. Segundo ela, a pavimentação na estrada promoverá um estilo de vida melhor, possibilitando mais momentos de lazer. 

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MORADORES POSSUEM EXPECTATIVAS DE CRESCIMENTO NA REGIÃO APÓS A OBRA

A pavimentação da estrada, quando concluída, deve melhorar a passagem de transportes para a produção agrícola, com redução do custo logístico e favorecimento do desenvolvimento regional. O comerciante Flávio Kunzler, 43 anos, é proprietário de um estabelecimento nas margens da rodovia. 

- A expectativa é de muita melhoria na região. Com o asfalto é possível que a procura por terrenos seja mais frequente e aumente o número de moradores e, consequentemente, a movimentação - afirma o comerciante.

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Quem está ansioso pela finalização da obra é o auxiliar de produção, Jocemar Machado, de 33 anos, que trabalha em uma loja de insumos agrícolas na região. Ele, que viaja até Santa Maria todos os finais de semana, acredita que a pavimentação irá facilitar muito o acesso e levará novos moradores ao local, diante da valorização que irá ocorrer após a finalização da obra. 

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DÉCADAS DE ESPERA E PROMESSAS

• O asfaltamento da estrada que liga Santa Maria a São Martinho da Serra é uma demanda antiga da comunidade local. Com asfalto, a via é considerada estratégica para fortalecer a economia regional
  
• Os moradores reivindicam a estrada há mais seis décadas. Em 1939, o então secretário e Obras Públicas, Walter Jobim enviou uma carta respondendo pedidos da população, antes de virar governador
• Em 1998, o governador Antonio Britto prometeu a obra. A empresa Andraus Participações e Empreendimentos venceu a licitação
• Em 1999, com 5% do trabalho executado, a empresa passou por uma divisão de sócios e solicitou ao Daer a mudança de nome para poder receber as verbas e o licenciamento para obra. Desde então, o empreendimento empacou
• Em 2010, o governo estadual traçou um plano de asfaltamento de 25 estradas e acessos a municípios gaúchos, incluindo São Martinho da Serra
• O projeto foi repactuado e o custo atualizado para R$ 12,11 milhões, mas a mudança do nome não aconteceu
• Em 2011, o governo estadual reiterou o compromisso de retomar obras de asfaltos em 104 vias, uma delas, a ERS-516. Na época, o projeto passou a incluir a localidade de Santa Terezinha (no distrito de Santo Antão) no projeto. Antes, o trecho estava excluído dos planos de asfaltamento
• A estrada e a falta de asfaltado viraram pauta de muitos protestos entre os moradores, que ainda convivem com a poeira da maior parte do trajeto, que é de terra entre Santa Maria e São Martinho
• Em junho deste ano, um novo anúncio do governo estadual de asfaltar estradas e concluir acessos a municípios gaúchos, acendeu, novamente, a esperança de ver a ERS-516 asfaltada
• No dia 9 de junho, Eduardo Leite prometeu um plano de ações para todo o Estado. Na região, além do acesso a São Martinho da Serra, estão outras estradas que também são demandas antigas da comunidade: a ERS-392, que liga Tupanciretã à localidade de Santa Tecla e o acesso a Pinhal Grande, prometido há, pelo menos,11 anos, e a ERS-348, de Ivorá a São João do Polêsine e o acesso a Faxinal do Soturno
• O plano de ações ainda prevê recuperação de outras estradas. São 12 que passam pela região central do Estado. Outras duas obras devem receber o planejamento no mesmo pacote: os acessos a Jari e Quevedos